sexta-feira, 23 de março de 2012

o porquê da minha greve




Não sou uma revolucionária idiota.
Com isto quero dizer que não sou uma pessoa que tenha ideias geniais sobre como começar uma revolução.
Sou pacifista. O que não é de todo incompatível com querer ser revolucionária. Não sou conformada, mas talvez seja um pouco conformista. Tudo parte da não actividade.
Custa-me perceber que de facto existem pessoas em Portugal que vivem realmente mal.Tenho plena consciência que algumas dessas pessoas estão assim porque não se sujeitam a determinados tipos de trabalho, e não posso discordar mais deste comodismo. Sei também que muitas pessoas estão mal porque a conjectura económica não lhes dá outra hipótese.
Acho profundamente injustas as questões relativas às reformas, aos congelamentos e diminuições dos salários... as não progressões na carreira, o retrocesso dos direitos adquiridos pelos quais as gerações anteriores tanto lutaram. A falta de serviços básicos de saúde, as não comparticipações.

Quando me perguntam se acho que fazer greve muda alguma coisa, é com alguma tristeza que reconheço convictamente que não muda praticamente nada.

Quando me perguntam : então porque é que fazes greve?
O que respondo é que... como não sou uma revolucionária idiota e ainda não arranjei uma solução melhor, o mais que posso fazer é estar com aqueles que vão lutando pelos direitos em que acreditam, e em que eu acredito. Que lutam contra as injustiças absurdas que muitos vivem.
E por isso, ir trabalhar, ganhar o meu salário comodamente no final do mês, ser indiferente ao esforço dos outros seria compactuar e ser ainda mais comodista, seria um grande encolher de ombros.

E não posso.

Podia ocupar o meu tempo a tentar arranjar uma solução para o problema global.

Mas por enquanto, o máximo que faço é curar as feridas nos dedos das mãos que vou tocando.


4 comentários:

  1. o que é triste é verificar que nos dias de greve, que tão convenientemente são sempre às quintas feiras, os shoppings estão cheios de gente às compras.

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  2. Concordo com o teu ponto de vista mas também me entristece ver muita gente a aproveitar-se destas situacões e destas greves, simplesmente para ter mais um dia de folga... há muita gente em casa que o que mais queria era estar a trabalhar e há muita gente a trabalhar que queria e devia era estar em casa... é este o país onde vivemos e portanto trato da minha parte. Dou o meu contributo e quando é preciso, arregaco as mangas e vou à luta por algo melhor ;)

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  3. Muito boa opinião realista e terra a terra.
    Devias era de explicar a tua amiga Pipoca, a tua posiçao.
    Porque a pipoca de greves, lutas, direitos, manifestações, dificuldades não precebe bem...

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