Pão Por Deus - A História, Os Traumas, O Karma
A História
Para quem não sabe o que é o " Pão Por Deus " eu passo a explicar. Confesso que não sei o porquê do nome, mas acredito que está relacionado com alguma tradição religiosa. Vou-me limitar a explicar o que é na prática.
Um grupo de crianças, que acorda muito cedo no dia 1 de Novembro, e vai de casa em casa na sua aldeia, vila ou bairro, tocar às campainhas, mas desta vez não foge logo a seguir.
Espera, espera mais um bocadinho, se nada acontece volta a tocar até aparecer alguém dizem em coro " Pão Por Deeeeeeus " estendem o saquinho e esperam que o encham de doces.
Em pequena fiz parte de um destes gangues, saquinho de pano, grupo lá da rua e lá íamos nós palmilhar uns kms a pé pela fresquinha para regressar a casa com muitos doces, e uma carteira de cromos que a senhora do quiosque nos dava sempre. Nalgumas casas recolhíamos escudos ( agora lê-se cêntimos ou euros ) , o que era simpático, porque ninguém dava vazão a tanto doce.
O roteiro da casa dos emigrantes também estava mais ou menos definido e não perdíamos tempo a passar lá, porque já sabíamos que só lá estavam no Verão.
Os Traumas
Trauma transversal a todos os anos - os pais dos meus amigos davam-lhes sempre o "Pão Por Deus" e isto na prática significava sempre um presente dos grandes, se não eram os pais eram os padrinhos, os avós e por aí fora. Isto nos casos em que não recebiam um presente de cada membro da família. Pois... lá em casa não havia cá frescuras. Já sair de casa com o saco de pano era o que era...
E por ser o que era, tinha de dizer tin tin por tin tin onde tinha andado; o saco era inspeccionado sendo postos de lado todos os rebuçados que tinham o ar de estar meio abertos; ou os chocolates meio moles - lixo - estilo ASAE.
Trauma particular - No seguimento da descrição minuciosa dos sítios por onde tinha passado, num ano nomeei um café em particular, a minha mãe fez-me repetir umas dez vezes o nome do sitio, e eu disse. Sem medos. Nesse ano o saco não foi inspeccionado foi directamente para o lixo.
O Karma
Há muitos, mas mesmo muitos anos que não faço isso. E geralmente nem estou em casa quando isso acontece, visto que na zona de Lisboa onde vivo agora não se passa nada disso. Mas estando em casa dos meus pais, percebo que what goes around comes around. Reparei há minutos num saco cheio de doces na entrada de casa, palpita-me que ou durmo com tampões nos ouvidos, ou vou acordar de 3 em 3 minutos com a campainha a tocar e miúdos do outro lado a dizer " Pão por Deeeeeeus".
Por isso aproveito para seguir a dica que acabei de receber agora no e-mail enviado pela querida Marta :