sábado, 2 de julho de 2011

A magia do Teatro

Já me tinha esquecido porque é que gosto tanto de Teatro.




Gosto de Teatro desde que me lembro, não sei quando se deu o click. 
Tive uns pais porreiros ao máximo que me levavam sempre a ver os espectáculos que queria, quando queria, onde quer que estivessem em cena.
Não foi por acaso que fiz Teatro Amador, mas foi por acaso que não aproveitei o privilégio que tive de trabalhar com determinadas pessoas. Na altura achava que estava a dar 100% e que estava a aproveitar aquilo e a viver tudo como deve ser. A esta distância percebo bem que não. Mas esse é o poder da idade.

Foi por isso que fiz uma licenciatura no antigo conservatório, agora Escola Superior de Teatro e Cinema, e trabalho do lado menos visível dos espectáculos, profissionalmente ha "já" 3 anos e meio. 
Mas curiosamente deixei de assistir ao que se passava na área. Lentamente perdi o hábito de ver espectáculos e fui ocupando o meu tempo livre com outras coisas que não o Teatro. 

Recentemente recebi uma proposta de trabalho que me devolveu ao lugar de espectadora. Espectadora atenta. E se ao principio vi coisas fraquinhas, nos últimos tempos tenho visto espectáculos avassaladores. Não só a nível emocional, como de concepção. Falo de interpretações, falo de construção cénica, falo de trabalhos artísticos maravilhosamente executados. 

Se sou uma fã incondicional de cinema, se todos os dias tento ver um filme, numa rotina de educação. Sei e posso admitir que não são artes comparáveis. 

Aquilo que se passa num palco num espectáculo de teatro não se repete. É o momento. É o dia, é o tempo, é tudo real, imediato e tudo passível de escorregar e não voltar ao sitio, ou ser melhor do que nunca. É ter a consciência de que aquilo que estamos a ver nunca mais se vai repetir, não daquela forma, nunca mais daquela maneira. Porque ha uma magia qualquer que envolve cada momento, cada fracção de tempo em que tudo se divide.

E sou uma babada. Gosto de ver as pessoas que conheço a representar. Gosto de os ver ali no palco a serem quem não são. A mentirem-me tão descarada e brilhantemente. A fazerem-me acreditar que são pessoas que eu nunca os vi ser. A amarem ou a matarem, a fazer rir ou a fazer chorar. A serem completos hipócritas ou mentes brilhantes.


Voltei ao Teatro. Agora sim voltei ao Teatro.

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