Feliz Dia Pai.

Não compreendemos o tamanho das coisas até termos ferramentas para as medir.

Nunca é demais saber, como nunca será demais dizer.

Amo o meu Pai.

Não consigo dizê-lo melhor que isto. Já escrevi várias vezes sobre a sua particularidade. Sobre o exemplo. Sobre a sua forma única de ser. Sobre como nos inspirou e nos fez crescer. Como nunca descurou o seu papel, ou fingiu não ver para ter menos trabalho.

Quando olho para cima tenho a impressão de que se construiu sozinho. Sei que essa não é a verdade. Tenho um orgulho tremendo na forma que tem de absorver o mundo, e um medo maior ainda de o desiludir. O meu pai é o meu herói. Há muitas coisas em mim que ele nunca terá capacidade de compreender. Mas no fundo de todas as minhas particularidades há uma que gostava muito que soubesse.

No dia em que quis - com muita convicção - ser mãe - a culpa foi tua. Sei que não queres ser avô - entendo que isto seja pelo simples facto de não quereres esse rótulo de "amadurecimento" - mas queria que os meus filhos tivessem o privilégio de te ter. De te conhecer e de compreenderem um bocadinho daquilo que sinto. Sei que nunca terei a capacidade de lhes dar um quinto daquilo que - com a mãmã - nos deste. Muito menos de lhes explicar o que és para mim.

Amo-te porque me sei rir contigo e de ti. Contigo e de mim.
Amo-te porque conseguimos comunicar sem ter de conversar. Porque me abraças sempre que preciso. Porque abanas a cabeça e reprovas muitas coisas que faço. Porque nunca deixaste de querer saber ou de dar a tua opinião. Porque acendes a lareira e me tapas os pés. Porque a tua preocupação é genuína e a tua forma de estar na vida também. Sou - orgulhosamente - a menina do papá.

De ti herdei a melancolia e visivelmente o nariz. De ti herdei tantas outras coisas boas.

Pai, não compreendo o tamanho do amor que tenho por ti porque não tenho ferramentas para o medir.

2013