quando mais precisamos

 

Entre uma vida e a outra tenho tempo de parar em casa.
Mando-me gloriosa com os meus três sacos e a mala gigante para cima do novo e adorado sofá.
Estico a mão para o comando e ligo a televisão nas noticias.
Aqueles 20 minutos são meus e ninguém me pode privar deles.
Passam naturalmente a voar.
Volto-me a calçar, visto o casaco, procuro um lenço para tapar o pescoço, agarro numa mala mais pequena, atiro lá para dentro os telemóveis e mais meia dúzia de coisas.
Já no escuro do Teatro preciso de tirar um apontamento. Enfio a mão dentro da mala, caderninho - check, falta a caneta. Vou apalpando às cegas e finalmente encontrei, saco da caneta - merda, afinal é o lápis preto dos olhos que me dá tanto jeito neste momento como um espelho para me ver nesta escuridão. Nova investida - Ahhhhh - Caneta. Mas não... era o baton.

Serve o telefone de lanterna para verificar que não há caneta. Tiro duas notas rápidos em modo sms e desligo a luz irriqueta.

Mil e uma coisas na mala. Menos aquela que anda sempre aos molhos, e hoje quando precisava dela desesperadamente. Rien.

Lá maquilhada eu estava.