terça-feira, 12 de junho de 2012

Os Santos Populares


O Santo António é para algumas pessoas uma valente dor de cabeça.
Principalmente se morarem em Lisboa e não apreciarem o cheiro a sardinhas.
É o caso do meu pai, que se prefere manter afastado da cidade nestas festividades. Mas é o único.

De resto na Bica a festa é mais familiar que o Natal. A casa da Tia, mesmo por cima da banda "Pão Com Manteiga" em frente ao Maritimo ( a colectividade responsável pela marcha da Bica ), tem a porta aberta. Bom, é quase literalmente assim. A familia nuclear ( tias, mãe, mano primas ) e depois os melhores amigos de todos. E os respectivos namorados, enamorados, apaixonados, melhores amigos dos amigos. Há também os primos da geração anterior. E os amigos destes e a mesma história.
É o Natal mais verdadeiro, com calor, sardinhas, pimentos assados, histórias que nos deixam envergonhados, desabafos. É aquela altura do ano em que pomos a conversa em dia e sabemos uns dos outros.
O Santo António para nós é saber estas músicas de baile todas de cor. São os miudos a fumar cigarros às escondidas e a encher garrafas de água de 1,5l com sangria ou misturas esquesitas de vodka para levar para a rua.

Há sempre lugar para mais um. Há sempre alguém que acaba a noite chateado, que chora, que precisa de abraços.

Só falta mesmo o meu pai. Mas sei que assim que a marcha de marvila começar a desfilar na avenida o meu telefone vai tocar. E o meu pai vai perguntar " Nossa. já viste a marcha?!".

E geralmente quando o sol nasce eu estou a subir a rua, cruzo-me com a minha mãe, ainda não se sabe qual foi a marcha que ganhou mas não falta muito.

Este ano será diferente porque amanhã trabalho muito cedo. Mas a casa já está muito compostinha.
Venha de lá esse Santo António Casamenteiro.
( que se casar fosse assim tão bom, não tinha ficado solteiro. )

Joana Gonçalves - eu e a Ness estamos aqui a lamentar o facto de não estares aqui connosco. O teu lugar na varanda está por ocupar. (p.s. - traz dry shampoo ).

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